27 abril 2011

Noturna

Debruçou-se sobre o cálice de vinho
que tinto escorreu pelo seu corpo
Cada curva circundava suas veias
Pulso a pulso titubeava verdades perfeitas
Olhava pela fresta com o verde que ensaiava tenso
Nua, se vestia com o meu abraço lento
Num choro quieto, sorriu entre feridas
Perguntou meu signo, falou de arte e contou como levava a vida
Seu olhar vagueava pela sinfonia estreita
Meu corpo permanecia fechado a ideias mal feitas
Seu deslumbre
um papo
o lençol manchado
Cada viagem interna era um assunto calado
A noite percorreu cegando
À lua, o sono veio germinar o acalanto
Deitou-se no meu colo sem pensar em mais nada
Adormecida, eu a deixei ali, sobre aquela cama molhada

'Noturna' | nanquim sobre papel reciclado + sobreposição e pintura digital | texto 2011 | ilustração 2011

Ouça 'Noturna' aqui:



Um comentário:

  1. Adorei o ritmo desta poesia e as ilustrações são lindíssimas, menina!
    Beijos e bom fim de semana!

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