11 agosto 2011

Apneia


sob o leve torpor do sol
caminho beirando o mar
na areia vou despindo
as noites torpes que me esconderam
canto versos desmedidos
frases duras
para fases amargas
o som consoante
impregna em mim
quisera arrancá-lo de dentro
quisera botá-lo pra fora
faço pose de calada
mas berro pro mundo
e berro agora
um mergulho e não ouço mais
nem silêncio, nem barulho
o oceano nada entre os meus dedos
salgo a pele, molho tudo
escondo os arrepios 
que me ferem a pele
afogo-me nas ilusões 
do que temo verdadeiro
o mar apaga as minhas pegadas
o breu apaga o meu corpo inteiro

''Apneia' | nanquim + canetinha + sobreposição digital | texto 2011 | ilustração 2007

Ouça 'Apneia' aqui:

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